ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI

Autores

  • Isadora Póvoa Facina
  • Natalha Cunha dos Santos
  • Ana Flávia Cicero Conde

Resumo

Segundo Arblaster (1996), a sociedade do século XX já vivenciava altos índices tanto da violência quanto do crime e maior parte desses atos eram cometidos por adolescentes. Tal informação nos faz refletir sobre as formas de produção social do fenômeno do adolescente em conflito com a lei, sem negligenciar o olhar para a correlação entre os contextos individuais, sociais e programáticos que produzem a criminalidade. Segundo Levisky (2000, p.31-32), “a delinquência pode ser a resultante de uma construção social cuja raiz está na própria violência familiar e social”.
A criminalidade é algo que vem se tornando cada vez mais comum, de forma que não existe no mundo um país, nação ou povo que não enfrente o desafio de lidar com a criminalidade. Ela é pauta em conferências e projetos de ações públicas e segurança pública, estando ligada diretamente aos adolescentes, pois tal fenômeno tende a os atingir tanto de forma direta como indireta. Diante disso, tornou-se frequente ouvir e ver quase que diariamente notícias de adolescentes envolvidos com a criminalidade (BENAVENTE, 2002; NASIO, 2011).
Nasio (2011, p.13) caracteriza a adolescência como “uma passagem obrigatória, uma passagem delicada, atormentada, mas igualmente criativa, que vai do fim da infância ao limiar da maturidade”, tendo seu início com a puberdade, que ocorre por volta dos onze anos. Assim, a discussão da temática da criminalidade atrelada a esse período da vida é relevante porque o adolescente é aquele sujeito que está dando adeus à infância, que envolve a brincadeira e o lúdico, e na qual se reconhecia enquanto criança, para se encontrar numa na fase repleta de incertezas, dúvidas e crises.
Diante disso, foi desenvolvido, na disciplina Projeto Integrador, do curso de Psicologia da Unifamma – Centro Universitário Metropolitano de Maringá, no ano de 2022, um projeto de extensão que tinha como objetivo abordar e produzir uma compreensão a respeito de fatores que contribuem para o envolvimento de adolescentes com a criminalidade, bem como as diversas formas de atuação do psicólogo com o adolescente em conflito com a lei.
O método utilizado para o desenvolvimento do projeto foi a roda de conversa, pois este método se constitui, na esfera da pesquisa narrativa, como um mecanismo que possibilita a partilha de experiências e o desenvolvimento de reflexões sobre diversas temáticas, em um processo mediado pela interação com os pares, através de diálogos, observações e reflexões. Nesse sentido, Moura e Lima (2014 apud PINTO; CRUZ; PINTO; BRAGA; PAULA, 2021) percebem a roda de conversa como um mecanismo de investigação de natureza qualitativa, na qual, é por meio desta que se torna possível explorar os significados criados pelos sujeitos e pelos grupos sociais em relação a um problema social.
Os procedimentos utilizados para o desenvolvimento do projeto envolveram, inicialmente, fazer um levantamento bibliográfico para compreensão do tema central e correlatos que poderiam ser abordados no decorrer da roda de conversa, como o conceito de adolescência, criminalidade e como as diferentes áreas da Psicologia atuam no auxílio do adolescente em conflito com a lei.
Considerando o momento histórico vivenciado pelo mundo, a pandemia do COVID-19, a roda de conversa ocorreu de modo online, por meio da plataforma do Google Meet. Como fazia parte do objetivo discutir as diversas formas de atuação do psicólogo com o adolescente em conflito com a lei, convidamos três psicólogos, de diferentes áreas da psicologia, para compor a roda de conversa, um deles trouxe suas vivências na área jurídica, outra abordou o tema a partir do viés da Psicologia Organizacional e do Trabalho e a última convidada contribuiu com a visão da Psicologia Escolar. Assim, no dia 11 de maio de 2021, às 20:40, teve início a roda de conversa, tendo uma duração aproximada de 80 minutos. Ao todo, o evento obteve um total de 48 inscrições e 34 comparecimentos, contabilizando os convidados, as alunas e a professora que os orientava.

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Publicado

2023-06-05